A formação crítica do cidadão é o principal objetivo almejado pela TV educativa. Tornar possível o acesso a diversas formas de enxergar a realidade, ao invés de reproduzir conceitos prontos e únicos, é o que deve realizar as programações desse gênero. Sua implantação no Brasil ocorreu sem seguir uma política pública definida. Desde o início da cadeia televisiva brasileira, na década de 50, tanto a TV aberta quanto a fechada formam um panorama midiático de exploração comercial. Se analisarmos, ainda, o surgimento das TVs educativas, poucas tiveram como base objetivos sólidos.
Juridicamente, a figura da televisão pública no Brasil não existia até a aprovação da Medida Provisória 398 de 10 de outubro de 2007, posteriormente substituída pela Lei 511.652, de sete de abril de 2008, que institui os princípios e objetivos de radiodifusão pública e constitui a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), gestora da recém inaugurada TV Brasil. A empresa – em forma de sociedade anônima de capital fechado – resulta da união dos patrimônios da Empresa Brasileira de Comunicação (Radiobrás) e da Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), gestora da TVE Rio. Vinculada à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, a EBC congrega televisão, rádio e internet e é responsável pelo desenvolvimento de um sistema público de comunicação do país.
A lógica da formação de rede é comum entre as emissoras comercias. É um meio de consolidar a audiência e monopolizar o mercado, extraindo do público a diversidade de programação e, consequentemente, de opinião. Quando foi criada, em 2 de dezembro de 2007, a TV Brasil assinou um decreto com vinte emissoras públicas, educativas e universitárias de todo o território nacional, que prevê um sistema de colabração na transmissão e produção de conteúdo. Estão entre elas, por exemplo, a TV Pernambuco e a TV Aperipê, de Sergipe. Para as TVs públicas, o sistema de rede também se tornou meio fundamental de sobrevivência e uma alternativa para chegar a um número maior de pessoas.
Ao se tratar dos índices de audiência, é preciso diferenciar a proposta da TV comercial e da TV pública. Para a comercial, são esses números relativos à audiência que guiam a produção, pois eles estão diretamente ligados à renda de anúncios. Já a pública apresenta outra abordagem, uma vez que está mais focada em transmitir cultura e informação de qualidade às pessoas. Isto não desconsidera o fato de que é preciso levar em conta o fator audiência, mas o que é preciso enxergar é a forma como cada uma das TVs aqui abordadas o utiliza.
No Brasil, o modelo de TV adotado seguiu o norte-americano, que é baseado no financiamento da programação via inserções comerciais. Neste sentido, distingue-se totalmente do modelo europeu que vigorou até meados da década de 70 do século passado, quando as principais emissoras do Velho Continente eram estatais e nas quais se proibiam veiculações publicitárias. Isso se justifica pelo fato de que no Brasil, as televisões comerciais surgiram antes das públicas e educativas, acabando por influenciá-las neste sentido.
A TV Cultura é um dos exemplos mais amplos e consistentes de TV pública que temos no Brasil. Criada em 1967, é o berço das TVs educativas no país. A produção é focada em programas de qualidade, voltados para o cidadão. A comunicação e/ou informação não é tratada com mercadoria. Uma característica fundamental das emissoras públicas é a segmentação dos conteúdos. Ao contrário das TVs comerciais que tratam a audiência como massa e a principal preocupação é com a rentabilidade do programa, as TVs públicas dividem a programação. Por isso, uma enorme variedade de gêneros, que vão desde programas infantis até jornalísticos. Vale ressaltar, ainda, que a programação vai além da reprodução do currículo escolar, ela é complementar a ele.
Com um papel importante na rede de TVs públicas, a TV Pernambuco tem passado por significativas mudanças estruturais. A criação de uma nova equipe gestora foi a primeira delas. O objetivo principal desse grupo é chamar a sociedade civil para discutir, de forma que, a TV seja um canal democrático de comunicação e que conte com a participação efetiva da população.
Outro ponto discutido é o meio de garantir a sustentabilidade do canal, para que ela não te torne refém do governo da ocasião ou do mercado. Mas se sabe que as TVs públicas que temos hoje no país ainda carecem de uma maior legitimação por parte do poder público para que possam cumprir seus objetivos de forma ainda mais eficiente. Também faltam investimentos para melhorar a qualidade do sinal dessas TVs e equipamentos tecnológicos que assegurem a atividade desse setor. A lacuna, no entanto, existe na percepção, por parte da sociedade, da sociedade, do papel efetivo de uma TV pública. Não há como essa TV promover avanços numa comunicação democrática, sem que haja participação das pessoas. É preciso que a população esteja inserida nessa realidade, contribuindo, a partir de opiniões e críticas acerca da produção.
Equipe: Carlos Eduardo, Elaine Batista, Marina Andrade, Pâmella Cavalcanti e Vanessa Silva